Quarta-feira, 3 de Abril de 2013

O perigoso senhor Schauble

 

"Sempre foi assim. É como numa classe, quando temos os melhores resultados, os que têm um pouco mais de dificuldades são um pouco invejosos". A frase é de Wolfgang Schauble, o todo-poderoso ministro das finanças alemão.

Como bem defendeu Miguel Sousa Tavares, não é bem inveja que os povos da Europa sentem em relação à Alemanha. É mais ressentimento. Nascido não apenas de uma Europa destruída e do Holocausto, mas do crónico problema que a Alemanha tem com a sua própria identidade que a levou a ter dificuldades em conviver com os seus vizinhos europeus.

Não, os alemães não têm de passar séculos a pagar por crimes que cada um deles não cometeu e que aconteceram quando a maioria nem era nascida. Mas, quando se relacionam com os outros, têm de ter conta que há uma história. Quando Schauble compara a Europa a uma sala de aulas e trata os demais parceiros europeus como alunos cábulas e a Alemanha como o aluno brilhante não pode deixar de perceber, até pela sua idade avançada, os sinais de alarme que as suas declarações criam na Europa, sobretudo nos povos que estão a sofrer tanto com esta crise. Até porque estas declarações são coerentes com um comportamento arrogante, autoritário e sem respeito pela reserva que estadistas devem ter quando se referem a assuntos internos de outros países.





Depois da II Guerra, a Europa e os EUA, para consolidar a paz e não repetir os erros da guerra anterior, foram generosos com a Alemanha. Não a obrigaram a pagar pelos seus crimes de guerra. Ajudaram à sua reconstrução edemocratização. Atiraram para o baú do esquecimento as responsabilidades de muitos muitos alemães por um dos maiores crimes que a humanidade até hoje conheceu. Os parceiros europeus dividiram, na prática, os encargos dareunificação. Criaram uma moeda única cedendo, e mal, como agora se vê, a todas as exigências da Alemanha, que sempre resistiu ao euro. Fecharam os olhos à violação dos limites ao défice, que os alemães, tão intolerantes com as falhas dos outros, foram, com os franceses, os primeiros a não cumprir.




Na realidade, a sala de aula foi feita para a Alemanha se sentir lá bem. E, para isso, os interesses de outros foram esquecidos. Todas as suas falhas foram ignoradas. Mas nem é isso que interessa agora. O que interessa é que o ministro Schauble, e não os povos da Europa, está a fazer tudo para reavivar fantasmas antigos. Alguns, os portugueses, pela sua posição oportunista durante a guerra, nem compreendem bem. Mas eles resultam de feridas tão profundas, que 70 anos não chegam para os fazer esquecer. Foram, a bem da paz e do projeto europeu em que ela se sustentou, ignorados durante décadas. Mas basta que a União Europeia se desmorone, como se está a desmoronar, e que o senhor Schauble ou outro responsável político alemão repita mais umas frases infelizes para que eles regressem. Como se tudo tivesse acontecido ontem.

Willy Brandt, Helmut Schmidt e Helmut Kohl sabiam que a única forma da Alemanha conseguir regressar, como era seu direito, à comunidade internacional e europeia, era conseguindo que o resto da Europa acreditasse que ela seria capaz de conviver com os restantes Estados europeus tratando-os como iguais. A ignorância política, a insensatez, o populismo ou a estupidez de Merkel e Schauble estão a criar, entre os europeus, um desconforto crescente. Há cada vez mais gente que se pergunta se é possível ter, em simultâneo, uma Europa próspera e cooperante e uma Alemanha forte. Se esta desconfiança não for travada a tempo, os alemães serão, mais uma vez, como no passado, as principais vítimas da sua arrogância. Porque eles são, de todos os europeus, os que mais precisam desta União que, com alguma preciosas ajudas, estão a destruir.




por Daniel Oliveira

Publicado no Expresso Online



publicado por portuga-coruche às 07:00
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Segunda-feira, 26 de Setembro de 2011

Merkel sugere perda de soberania para países incumpridores

Defende permanência da Grécia na zona euro

 

 Merkel alertou para os riscos de contágio de outros países em dificuldades, como Portugal e a Irlanda, caso a Grécia entre em incumprimento

A chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu, no domingo, o agravamento de sanções a países da zona euro que não cumpram os critérios de estabilidade, incluindo a perda de soberania, em entrevista no domingo à televisão pública ARD.

 

"Quem não cumprir, tem de ser obrigado a cumprir", afirmou a chefe do governo alemão, sugerindo ainda alterações aos tratados europeus para que os países prevaricadores possam ser processados no tribunal europeu de justiça, se necessário.  

 

O Tratado de Maastricht impõe um limite de três por cento para o défice orçamental e um limite máximo de endividamento de 60 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) aos países da União Europeia.  

 

Portugal por exemplo, teve um défice orçamental de 9,1 por cento em 2010, que tenciona baixar para 5,9 por cento este ano, e traçou a meta de voltar a cumprir o limite de três por cento em 2013.     

 

Merkel disse ainda que a crise das dívidas soberanas "é muito séria", advogando a permanência da Grécia na zona euro, pelo menos enquanto a União Europeia e o FMI, através da chamada 'troika', atestarem que Atenas cumpre o programa de ajustamento económico.   

 

A chanceler alemã alertou ainda para os riscos de contágio de outros países em dificuldades, como Portugal e a Irlanda, caso a Grécia entre em incumprimento, apesar de esta solução ser defendida por muitos economistas 

 

Por:CM / Lusa

in Correio da Manhã

 

 

 

 

 

publicado por portuga-coruche às 07:10
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Quinta-feira, 9 de Julho de 2009

Árvore nazi causa discussão na Polónia

Uma árvore de origem nazi está a dividir os habitantes de Jaslo, na Polónia. A polémica já chegou às Filipinas

 

Tem 67 anos, mede 12 metros, é robusta e frondosa. Até há poucos dias era só mais uma árvore numa qualquer rua de Jaslo, no Sudeste polaco. Mas agora está no centro de uma azeda polémica que divide os 38 mil habitantes da cidade entre partidários do abate e defensores da conservação.

O carvalho foi um presente de Hitler ao governador alemão de Jaslo durante a Segunda Guerra Mundial. Oriundo da localidade natal do Führer, Braunau am Inn (Áustria), chegou em 1942 embrulhado numa suástica e, uma vez plantado, foi decorado com simbologia nazi. "Falo um pouco de alemão e por isso consegui perceber que a cerimónia [de plantação] assinalava o aniversário de Hitler", conta o historiador local Kazimierz Polak à televisão polaca.

Polak, de 81 anos, é um dos poucos sobreviventes da invasão alemã. Antes de fugir do Exército Vermelho, as tropas nazis destruíram Jaslo e apenas 39 das 1200 casas foram preservadas. Agora o historiador é o mais ardente defensor da árvore, que tinha passado despercebida até que se soube que que ia ser cortada para fazer uma rotunda.

Quando Polak revelou a origem do carvalho numa entrevista televisiva, a presidente da câmara, Maria Kurovska, reagiu imediatamente. "A árvore comemora o maior criminoso da história da humanidade", afirmou à imprensa local há duas semanas.

Controvérsia mundial Desde então não param de chegar mensagens a favor e contra o carvalho da discórdia. Os residentes estão divididos e adiaram a decisão das autoridades, mas Kurovska está empenhada em melhorar o trânsito e não esconde as intenções. "Temos centenas de árvores aqui", explica, "e no lugar dela podemos plantar árvores em homenagem às vítimas de Hitler."

A controvérsia deu a volta ao mundo e chegou ao jornal israelita "Ha'aretz". "Esta árvore deve ser derrubada, embarcada num comboio e incinerada", recomenda um comentador anónimo, talvez inspirado pelos campos de extermínio de judeus. "É estúpido cortar uma árvore - pouco importa quem a mandou plantar - numa era de aquecimento global", responde um leitor das Filipinas. "O carvalho de Guernica tinha um significado político ancestral. Em contrapartida, não creio que a árvore em questão encarne o mal hitleriano", opina Paulo Tunhas, professor de Filosofia da Universidade do Porto.

Plantar árvores no aniversário do ditador era um dos mais importantes rituais nazis ligados à silvicultura e um dos poucos legados que perduram. Em Jaslo está a gerar acesos debates, que podem prolongar-se ainda algumas semanas.

"A árvore não fez mal a ninguém e não tem culpa de nada", insiste Polak. "É alta e forte, deixem-na crescer." A presidente da câmara não recua: "As árvores plantam-se em memória de pessoas realmente grandiosas, como João Paulo II, diz Kurovska. "Se decidimos conservá-la, cada vez que passearmos no centro da cidade iremos lembrar-nos de que é a árvore de Hitler", sentencia.

 

in i

 

Tanta ignorância .... sabe lá a arvore quem foi Hitler ou o que é o Nacional Socialismo e mesmo que soubesse que culpa tem de tudo isso? Foram outros que não ela que a escolheram e lhe deram semelhante significado.

Cabe aos habitantes de Jaslo dar um novo significado ao carvalho, tornar em boa uma coisa que acham ou julgam como má. Não é difícil mas é necessário ter coração.

publicado por portuga-coruche às 14:57
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