Manuel Sombreireiro, presidente da Associação dos Agricultores do Sorraia, dá-nos conta do desespero dos homens da lavoura
Nos terrenos da charneca de Coruche, são bem visíveis os campos de milho secos, porque a água dos furos ficou esgotada. Muitos outros, decidiram cortar o milho para silagem com receio de que a água dos furos não chegue para completar o ciclo vegetativo da planta.
Situação igualmente grave é a dos produtores de tomate. As indústrias de transformação de tomate estão a asfixiar muitos agricultores, pagando-lhes o produto a preços inferiores aos custos. Praticamente todos os dias é possível ver o desespero dos homens da lavoura aos balcões dos bancos da região, onde muitos acumulam créditos sobre créditos.
A cultura do tomate ocupa actualmente cerca de 2 mil hectares, aproximadamente 10 % da área de regadio do Vale do Sorraia. “A campanha até correu bem este ano, com boas produções, mas quando chegamos às fábricas deparamo-nos com preços de que modo nenhum compensam os custos de produção”, declara Manuel Sombreireiro, presidente da Associação dos Agricultores de Coruche e Vale do Sorraia.
Manuel Sombreireiro prevê que 30 a 40% dos agricultores do Vale do Sorraia vão ficar arrumados este ano”.
“Todos os dias somos confrontados situações de agricultores a afundar-se”, declara-nos o Manuel Sombreireiro. “Fizemos diversos contactos com o Governo, para que houvesse conseguirmos uma intervenção dos organismos oficiais junto da indústria, mas não conseguimos qualquer resultado”, afirma-nos este dirigente associativo. O tomate é pago em função do brix (que define as características do tomate, como a cor, humidade, densidade, etc.). “O nosso objectivo era ter alguém independente junto das fábricas que acompanhasse o processo de classificação do tomate, de forma a não ser apenas a indústria a dominar o processo e a impor os seus preços”, afirma o dirigente associativo. “Em relação ao ano passado, o preço do tomate pago ao produtor baixou cerca de um escudo”.
Manuel Sombreireiro faz-nos as contas (ainda em escudos, porque é homem conservador): para fazer um hectare de tomate um agricultor gasta cerca de 1300 contos e obtém cerca de 100 toneladas de tomate. Recebe 7 escudos de subsídio por quilo, pelo que se vender o tomate à fábrica por 7 ou 8 escudos já consegue os 15 escudos necessários a retirar algum rendimento (cerca de 200 contos num hectare). “O problema é que as fábricas portuguesas pagam a 3 escudos e assim, acabamos por ter prejuízo de 200 ou 300 contos por hectare”. Curiosamente, a tábua de salvação de alguns agricultores tem vindo de Espanha (ver caixa).
Campos de milho secos
Apesar de Coruche e do Vale do Sorraia beneficiarem, desde 1973, de um perímetro de rega, alimentado pelas albufeiras de Montargil e Maranhão, a verdade é que a área da Charneca, onde o perímetro de rega não chega, está a atravessar uma seca tão grave como a do Alentejo. Quem vai de Santarém, poucos quilómetros antes de chegar a Coruche, é possível ver os efeitos devastadores da seca. “Na herdade da Agolada, o furo que alimentava o pivot secou e os 50 hectares de milho secaram”, conta-nos o presidente da Associação dos Agricultores de Coruche.
Munido de uma série de estudos e estatísticas que tem efectuado ao longo dos anos como técnico reputado do Ministério da Agricultura, agora reformado e que se dedica à Associação e à sua casa agrícola, Manuel Sombreireiro sublinha ao nosso jornal que “a média de pluviosidade em Coruche costuma ser de 645 milímetros por metro quadrado, para uma média de 300 milímetros de chuva este ano”. O que dá bem conta da gravidade da situação dos agricultores da região. “Há muitos problemas sociais de idosos que vivem de pensões de sobrevivência com a ajuda do que colhem da horta e que estão em graves dificuldades porque os poços estão a secar”.
Água do Sorraia salva agricultores da lezíria
Mas no perímetro de rega do rio Sorraia, a água que vem das barragens de Montargil e Maranhão chega e sobra para as encomendas. “A modernização dos sistemas de rega com pivots, fita de rega, gota a gota, permitiu-nos ao longo dos últimos anos fazer um uso mais racional da água e, assim, reduzir os consumos de 200 para 100 milhões de metros cúbicos por ano. As duas albufeiras garantem um volume de 320 milhões de metros cúbicos, o que seria suficiente para regar os campos do Sorraia durante três anos. O excedente está este ano a permitir ajudar os agricultores da lezíria grande, que estão a braços com o problema da salinização dos solos, provocado pelo avanço da água salgada do estuário do rio Tejo, afectado pela grande redução do seu caudal. Em ano de grave seca, a água doce do Sorraia está a permitir salvar as produções dos campos entre Benavente e Vila Franca de Xira.
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