Qual vai ser o impacto das alterações climáticas na árvore da vida, no final do século XXI? Pela primeira vez, um artigo, publicado amanhã, quinta-feira, pela equipa do biólogo Miguel Araújo na revista Nature, avaliou os efeitos das alterações do clima na árvore da vida. A Terra pode estar a viver a sexta extinção em massa, desta vez pela mão humana, se não forem travadas as emissões de gases com efeito de estufa.
Já houve cinco momentos de desaparecimento maciço de biodiversidade, causados por fenómenos geológicos catastróficos — como a colisão de um asteróide com a Terra há 65 milhões de anos, que ficou famosa porque, entre os desaparecidos, estavam os dinossauros. Agora, devido às alterações do clima pela acção humana, há a tese de que a Terra estará a viver a sexta extinção em massa.
Mas uma vaga de desaparecimentos tem de cumprir quatro condições para ser uma extinção em massa, explica Miguel Araújo, coordenador do pólo na Universidade de Évora do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos: tem de ocorrer de forma generalizada em todo o mundo; num período de tempo geológico curto; envolver grandes quantidades de espécies; e afectar espécies de um leque vasto de grupos biológicos.
Por exemplo, se as extinções afectarem muitas espécies só de algumas partes da árvore da vida, as extinções serão dramáticas, com impacto nos ecossistemas, mas não será a sexta extinção em massa, diz Araújo, titular da cátedra Rui Nabeiro em Biodiversidade, a primeira criada em Portugal com fundos privados (cem mil euros anuais, por cinco anos).
À procura de resposta, a equipa do biólogo, que inclui Wilfried Thuiller, entre outros cientistas da Universidade Joseph Fourier, em França, reconstruiu as relações evolutivas de grande número de espécies de aves, mamíferos e plantas, estudando o caso da Europa. Nestas relações evolutivas, a equipa projectou depois as conclusões para o risco de extinção das espécies. Teve em conta quatro cenários de alterações climáticas, consoante estimativas distintas de emissões de gases de estufa, até 2080, e usando modelos que reproduzem o clima da Terra.
Para estudar como as alterações climáticas actuais poderiam afectar a evolução da árvore da vida, foi ainda necessário distinguir as extinções causadas pelas mudanças do clima das que ocorreriam ao acaso. Para tal, a equipa removeu aleatoriamente “ramos” exteriores da actual árvore da vida, para ver até que ponto as extinções modeladas na sequência das alterações climáticas seriam diferentes de aleatórias. “Se não diferisse — é o nosso resultado —, estaríamos perante um padrão de extinções não selectivo, que afectaria a totalidade da árvore”, explica Araújo, também do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid. “As alterações climáticas previstas afectam os ramos da vida de forma uniforme, tornando-os menos densos e farfalhudos com o tempo”, diz.
“Outros estudos têm demonstrado que as ameaças humanas afectam determinados ramos concretos da árvore da vida, por exemplo espécies grandes, especializadas em determinados tipos de comida ou habitats, ou anfíbios”, diz. “O nosso artigo demonstra que as alterações climáticas terão tendência a afectar todos os ramos da árvore.”
O estudo não permite dizer, porém, qual o número de espécies que irá desaparecer. E a estes impactos há que juntar outros de origem humana, como a destruição de habitats, a caça e pesca excessivas, a propagação de espécies invasoras e de agentes patogénicos, que afectam mais uns troncos da árvore do que outros. “Como os impactos se adicionam uns aos outros, o futuro poderá reservar-nos um aumento generalizado de espécies ameaçadas que afectará quase todos os ramos da árvore da vida.”
Portanto, as alterações climáticas poderão alterar as contas actuais sobre a extinção das espécies. A Terra está então viver a sexta extinção em massa? “No caso de haver impactes de grande magnitude que afectem um grande número de espécies, o padrão de extinções modelado por nós assemelha-se ao que se esperaria numa extinção em massa, já que estas não afectaram ramos particulares da árvore da vida, mas a sua quase totalidade”, responde Miguel Araújo.
Perdas no Sul da Europa
Outra conclusão é que as espécies do Sul da Europa, que perde biodiversidade, deverão deslocar-se para o Norte. Já hoje, aliás, as alterações do clima estão a empurrar mais para norte espécies de aves e borboletas.
É também provável que espécies do Norte de África entrem no Sul da Europa — “o que já está a verificar-se com algumas aves e insectos”. Os recém-chegados tanto podem trazer mais biodiversidade, como acentuar a perda de espécies por competição ou novas doenças. “É difícil prever as consequências destas colonizações. Mas, havendo um mar entre os dois continentes, só espécies capazes de o atravessar podem colonizar a margem Norte, o que limita a diversidade de colonizadores.”
por Teresa Firmino
Seleccione o link em baixo para poder ler os comentários dos leitores do jornal Público sobre este artigo.
Portugueses devem preferir espécies que não estejam em risco
Só japoneses e islandeses nos ultrapassam,mas para chegar a este patamar somos obrigados a importar dois terços do que chega aos nossos pratos
●●
O polvo e a sardinha são os peixes preferidos dos portugueses, que comem 57 quilos de pescado por ano per capita, um consumo que obriga a importar dois terços do que chega aos pratos.
No pódio mundial dos consumidores de peixe estão os islandeses e os japoneses.
Em Portugal, o polvo, a sardinha, os cantarilhos, o atum, o peixe-espada preto e o bacalhau são os mais consumidos.
O carapau, as gambas, o goraz e o cherne são os que se seguem na lista dos 20 peixes preferidos pelos portugueses, que está desde ontem, Dia Mundial dos Oceanos, disponível no site “Que peixe comer?” (www.quepeixecomer.lpn.pt).
O objectivo da página criada pela Liga para a Protecção da Natureza (LPN) não é listar os predilectos, mas sim dar informações que permitam conhecer a situação das populações de peixes para se optar por um consumo responsável.
![]() |
Portugueses devem preferir espécies que não estejam em risco |
No ‘site’ http://www.quepeixecomer.lpn.pt/ estão os dados, métodos e recomendações sobre as espécies
É que apesar de estarem entre os maiores consumidores do mundo, os portugueses parecem esquecer que alguns dos seus pratos preferidos podem desaparecer se não se cuidar das espécies.
Se na lista dos 20 mais apreciados existem peixes que não levantam muitos problemas, como é o caso do carapau e da sardinha, existem outros que não deixam de preocupar, como o bacalhau ou o atum.
Anos de pesca intensiva em águas europeias levaram a reduções dramáticas nas populações de peixes. Os números indicam que 80 por cento das populações de peixes avaliadas estão em sobre pesca e mais de 30 por cento estão fora dos limites biológicos de segurança.
Por isso, antes de escolher, é importante saber o que se passa com as espécies.
in Globalnotícias de 9 Junho Ano 3 n.º 629
Animais como o esturjão, o atum-vermelho ou vários tipos de tubarões estão em perigo de desaparecer, mas nem assim se deixa de os incluir em pratos que muitas vezes são considerados iguarias de luxo. Ambientalistas avisam que só não comprando podemos evitar o desastre.
Os pescadores puxam um grupo de tubarões-azuis para dentro do barco. Com a ajuda de facas, cortam a cada um deles as quatro barbatanas. Depois, os corpos são deitados de volta ao mar onde, incapazes de nadar, vão afundar-se e morrer. O destino das barbatanas será o mercado asiático, como Hong Kong, onde o sofrimento dos tubarões vale 520 euros o quilo.
A gula é implacável também com outras espécies, como o esturjão, as enguias e o atum-vermelho, que sofrem já problemas de redução de stocks e a ameaça da extinção.
Um exemplo português é o meixão. Estas crias da enguia-europeia só podem ser pescadas no rio Minho. Apesar disso, são capturadas ao longo de toda a costa portuguesa, sem a preocupação de que daqui a umas décadas as enguias-europeias - e consequentemente o meixão - possam deixar de existir. A razão: um quilo destas enguias bebés, também conhecidas por angulas, chega a custar mais de mil euros nos restaurantes espanhóis.
"Às pessoas nem lhes passa pela cabeça se estão a fazer bem ou mal quando compram alimentos provenientes de animais em perigo de extinção. Compram porque podem e têm dinheiro", reage ao DN Hélder Spínola, da associação ambientalista Quercus. O caso dos tubarões é sintomático: caçados apenas pelas barbatanas, que vão servir de alimento de luxo em ocasiões de festa nos países asiáticos, espécies como o tubarão-tigre ou o tubarão-azul têm a sua existência ameaçada pela sobrepesca.
O sushi também tem sido notícia nos últimos tempos por utilizar atum-vermelho na sua confecção. A demanda deste peixe - considerado o rei da comida japonesa - está a acabar com os stocks. Há pesca um pouco por todo o mundo e mesmo com os avisos de que as populações poderão extinguir-se, não há quem pare o seu comércio - nem mesmo as autoridades mundiais que estiveram reunidas no mês passado no Qatar na Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção.
Também no mar, a caça à baleia teve de ser controlada para que não se extinguissem, uma vez que eram caçadas intensivamente: em 1930 caçavam-se 50 mil baleias por ano e por volta de 1950 as reservas estavam a diminuir drasticamente. Foi em 1986 que a baleação comercial foi proibida. Mas, em 1993, a Noruega considerou a lei não válida e voltou a caçar. O Japão faz o mesmo justificando-a com a investigação científica - as baleias caçadas para a ciência podem ser vendidas para não serem desperdiçadas.
O caviar também é um caso conhecido. A própria União Soviética e o Irão, a partir de 1950, tomaram medidas ecológicas para manterem as reservas de esturjão no mar Cáspio, preocupados com a direcção descendente que os stocks deste peixe tomavam.
"As pessoas têm de perceber que só elas podem acabar com isto. Não comprar é a primeira medida a tomar para que não se venda", diz o ambientalista da Quercus, pois sem compradores o mercado irá acabar por reduzir até se extinguir. "Se ninguém comprar, também ninguém vai caçar ou pescar", esclarece. Isto porque até "se podem fazer regulamentos determinando os tamanhos, mas enquanto o consumidor quiser irá haver sempre quem o capture e venda, mesmo que seja ilegal".
Há mais de um ano que a Greenpeace está a tentar entrar em contacto e até hoje sem sucesso. A organização pretende ficar no local até que o grupo assuma a responsabilidade de preservar os recursos marinhos e se comprometa a dar passos concretos para a implementação de uma política de compra e venda de peixe sustentável e transparente.
O grupo de distribuição alimentar Jerónimo Martins deve reconhecer de imediato e por escrito a sua responsabilidade na preservação dos oceanos. O presidente do grupo Jerónimo Martins, Luís Palha da Silva, deve ainda concordar em reunir com a Greenpeace e passar das palavras à acção, através:
Todos os anos são gastos, em Portugal, mais de 1.047 milhões de euros em peixe, dos quais mais 70% são gastos nas grandes superfícies. Os grupos Lidl, Sonae, Os Mosqueteiros e Aunchan já estão a dar passos para uma adoptar uma postura responsável em relação aos produtos que vendem. É inadimissível que o grupo, que se considera líder do mercado de distribuição alimentar em Portugal, seja o único que até agora ainda não mostrou preocupação pela crise que os oceanos enfrentam.
Consulte o Calendário da campanha
Esta acção, que contou pela primeira vez com a participação em grande escala de activistas portugueses em colaboração com a Greenpeace Internacional, decorre poucas semanas depois do lançamento do segundo ranking de supermercados em Portugal que coloca o grupo Jerónimo Martins - com os supermercados Pingo Doce e Feira Nova - em último lugar.
Nas últimas décadas, temos assistido à devastação rápida da vida marinha do nosso Planeta. A exploração desenfreada e insustentável dos mares e oceanos poderá conduzir, dentro de pouco anos, a uma subida inigualável do preço do peixe e transformar este recurso, tão mais valioso quanto mais escasso, numa relíquia rara a que poucos vão poder aceder.
Nos supermercados Pingo Doce e Feira Nova continuamos, por exemplo, a encontrar espécies como o tubarão - uma espécie em alto risco devido à sobrepesca e pesca acidental. Os tubarões têm uma taxa de crescimento das populações bastante lenta - para além de atingirem a maturidade reproductiva tardiamente, estes produzem poucos juvenis – tornando numa espécie capaz de ser rapidamente dizimada.
O preço da destruição dos oceanos é alto. Milhões de pessoas em todo o mundo correm o risco de ver desaparecer os recursos de que dependem - e os portugueses não são excepção.A Greenpeace alerta que é urgente acordar para esta crise sem precedentes e passar imediatamente de palavras à acção, para garantir a sobrevivência da vida marinha do nosso planeta.
. A Terra estará a viver a ...
. Portugal é o terceiro con...
. Animal proibido continua ...
. Últimas notícias: Vinte a...
. acidente
. água
. almeirim
. assalto
. burla
. carina
. cdu
. china
. ciência
. cigana
. ciganos
. clima
. cobre
. comboio
. cortiça
. coruche
. couço
. cp
. crianças
. crime
. crise
. dai
. desporto
. dívida
. douro
. droga
. economia
. edp
. educação
. emprego
. energia
. ensino
. escola
. espanha
. etnia
. fajarda
. faleceu
. fascismo
. festas
. finanças
. fmi
. fome
. gnr
. humor
. impostos
. insólito
. internet
. ipcc
. justiça
. ladrões
. lamarosa
. mic
. morte
. música
. pobreza
. política
. pontes
. racismo
. roubo
. santarém
. saúde
. sub
. tempo
. ticmais
. toiros
. tourada
. touros
. trabalho
. tráfico
. video
. videos
. Blogs de Coruche
. Conspirações da Vila de Coruche!
. Coruche...Passado, Presente e Futuro
. Cruxices
. Núcleo de Investigação Criminal de Coruche
. Strix
. Sites de Coruche
. APFC
. Buzios
. CORART
. Museu
. O leme
. RVS
. Sites de Interesse
. BioTerra
. Blogs de interesse
greenbit@sapo.pt