A Câmara de Alcobaça realojou a família de etnia cigana, que há mais de 30 anos vivia em barracas no terreno junto ao novo Centro Escolar, em três apartamentos em diversos pontos da cidade. Uma solução que à partida é de cariz temporário, encontrada depois de diversas tentativas de instalar as 14 pessoas (oito adultos e seis crianças) noutros espaços – goradas ou pela contestação dos populares ou pela impossibilidade de construir em terrenos da autarquia que se encontram em área de Reserva Ecológica Nacional –, mas que permite a abertura do estabelecimento escolar já no próximo dia 15 de Setembro.
Os três apartamentos escolhidos localizam-se junto à Casa do Povo, Estádio Municipal e Centro Histórico. E é precisamente neste último alojamento que parece estar o problema. Em menos de uma semana três protestos em frente ao edifício da Câmara (realizados 30 de Agosto, 1 e 5 de Setembro) deram conta do descontentamento de alguns moradores e comerciantes do centro histórico da cidade. E se na rua o número de contestatários foi reduzindo de manifestação para manifestação, nas redes sociais o debate foi aguerrido e deu azo a críticas, acusações e muitos insultos.
No evento criado no Facebook e intitulado “Protesto Indignado da População de Alcobaça”, que pretendia mobilizar para uma manifestação junto aos Paços do Concelho na passada segunda-feira, misturam-se ‘vozes’ de alcobacenses e forasteiros, militantes de diversos partidos e até do advogado da família em causa. E há centenas de comentários com as mais diversas posições.
Há quem defenda a família e se diga “chocado com a quantidade de pessoas que consegue manifestar tanto preconceito”. Quem ache “assustador como conseguem ser tão desumanos com um grupo de seres humanos, repito, seres humanos, sem fazerem ideia do que é ser castigado pela xenofobia histórica que esta gente sofre, continuando ainda hoje a serem fechadas portas de oportunidades bem como a sofrerem humilhações sem dó nem piedade”. E há quem questione quantas pessoas dariam oportunidade de trabalho aos membros da família cigana em causa. Há até membros da etnia cigana que admitem que alguns dos seus pares abusam, mas questionam se “não há pessoas bem piores que os ciganos”.
Há os que preferem não tomar posição e apelam ao bom senso. Os que sensibilizam para que não haja violência. Que dizem que os alcobacenses devem “ser imparciais e práticos a resolver estes problemas no futuro e não perder tempo com teorias… O nosso concelho tem 18 freguesias e apenas existem problemas, que eu saiba, com a etnia cigana em Alcobaça e Aljubarrota”.
Muitos dos comentários são solidários com o protesto. Há quem chegue a mostrar-se disponível para ir a Alcobaça “ajudar no que for preciso”. Há quem fale do “povo cigano que não faz nada em prol da cidade, peço desculpa… arranjam confusão, roubam, etc etc” e de “ameaças anónimas”. Alerta-se para o sentimento de insegurança que grassa pela cidade, diz-se que as pessoas de etnia cigana “não cumprem os deveres de qualquer cidadãos”, mas são os primeiros a reclamarem os seus direitos.
E diz-se também que a população de Alcobaça está “indignada e revoltada contra a sensação de impunidade que alguns têm em matérias de segurança, de pagamento de impostos, de cumprimento de regras e deveres a que acresce a sensação geral de privilégios obtidos, quer na atribuição de casas, quer de benefícios monetários, tal como rendimento mínimo”.
As acusações e críticas sobem de tom quando se pede que “haja pessoas como o Nicolas Sarkozy com umas costelas do Jean-Marie Le Pen à mistura a ver se põem ordem nisto”, recordando o que se passou recentemente em França, de onde foram expulsos muitos ciganos romenos.
Autarquia diz que compreende, advogado diz que é “xenofobia pura”
À Gazeta das Caldas o presidente da autarquia alcobacense, Paulo Inácio, explica que a família foi dividida por uma casa que a Câmara já possuía e por outras duas “subarrendadas em contexto de habitação social”. Uma solução aprovada por unanimidade em reunião de executivo camarário e que dá seguimento a um compromisso que tinha sido assumido já pelo executivo de Gonçalves Sapinho.
Paulo Inácio falou com os manifestantes e acredita que não há razão para alarme. “Até compreendo, mas tivemos a preocupação de espalhar os elementos da família, para não criar guetos”, diz.
Já o advogado da família cigana, Adelino Granja, diz que “não existe qualquer fundamento para este protesto”, que diz ser “racismo e xenofobia pura”.
Garantindo que “não há nada de antecedentes criminais” na família em causa, Adelino Granja salienta que se trata de “homens e crianças que nasceram em Alcobaça e aqui estão registados”. E “como qualquer pessoa carenciada neste país, têm acesso às ajudas sociais, independentemente da sua etnia”.
Dizendo que felizmente a família não tem acesso à Internet, pelo que não sabe de tudo o que lá é dito, o advogado lamenta que o protesto seja contra o alojamento “de um casal jovem com uma criança deficiente no centro histórico” da cidade.
Quanto ao teor das mensagens que se podem ver no Facebook, Adelino Granja acredita que “estão envolvidos membros do Partido Nacional Renovador”, o que diz provar-se facilmente por comentários como “tudo pela nação, nada contra a nação”.
“Muitas das pessoas que se manifestaram devem estar a sentir-se usadas pois estão a ser manietadas por pessoas de etnias partidárias, com o intuito de levarem por diante os seus propósitos racistas e xenófobos”, diz o advogado.
As famílias foram mudadas para os apartamentos em finais de Agosto. De acordo com o advogado, dentro de seis meses, e caso não seja encontrada uma solução definitiva para o seu realojamento, serão feitos contratos definitivos de alojamento. O assunto deverá em breve ser debatido na Assembleia Municipal, onde já provocou celeuma na sessão de Junho passado.
Joana Fialho
jfialho@gazetacaldas.com
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