Do Brasil, nos séculos XVI e XVII, eram enviados para Portugal uns blocos duros e escuros, chamados pães de açúcar.
Chegados a Lisboa, eram enviados para a Holanda, para serem refinados. Aos holandeses comprávamos, depois, o açúcar refinado para consumo. Portugal tem, desde sempre, um problema com o açúcar. Faz parte do seu dia-a-dia. Nesse aspecto assemelha-se à dívida externa. O pão de açúcar é a versão deliciosa do pão do défice. Hoje tanto temos défice de açúcar como de dinheiro. Não mudámos muito nestes últimos séculos. Pedíamos aos outros para nos refinarem o açúcar que produzíamos nas colónias e consumíamos com requinte. Depois pedíamos dinheiro ao Barings e ao Rothschild para que pudéssemos pagar aos holandeses a nossa gulodice. Pedimos sempre para gastar e não para produzir. A digressão mundial de Teixeira dos Santos em busca de quem compre a nossa dívida parece a de um grupo rock. Não damos espectáculo. Estendemos a mão. E já não temos açúcar para oferecer. A dúvida soberana tornou-se o nosso açúcar por refinar. Paga-se com juros. A gulodice sai-nos cara mas continuamos sem aprender. O dinheiro pede-se, não para criar riqueza, mas para gastar nas nossas pequenas extravagâncias. Teixeira dos Santos deixou de ser ministro das Finanças: transformou-se no nosso caixeiro-viajante de estimação. Tudo isto é triste, e nem sequer é Fado: ao olharmos para a China e para o Brasil como os possíveis garantes da nossa dívida soberana, apenas mostramos que se a UE não acredita em nós, nós também já não esperamos grande coisa dela. Com ou sem pães de açúcar.
Os comentários também são de interesse:
touaki
17 Dezembro 2010 - 17:01 Ai a História
FGO, percebes pouco de História. A ideia era boa mas as personagens estão erradas. Pombal tentou resolver o problema da falta de ouro do Brasil, mas quem tentou lançar o país, ainda no século XVII e por causa da crise do acúcar, foi o conde da Ericeira. Antes do ouro brsileiro dar cabo da nossa vida existiu aquela também malfadado Tratado de Methween...
FGO, percebes pouco de História. A ideia era boa mas as personagens estão erradas. Pombal tentou resolver o problema da falta de ouro do Brasil, mas quem tentou lançar o país, ainda no século XVII e por causa da crise do acúcar, foi o conde da Ericeira. Antes do ouro brsileiro dar cabo da nossa vida existiu aquela também malfadado Tratado de Methween...
cadavezmaislixadosepobres
16 Dezembro 2010 - 23:06 por cá
temos um superavit de gatunos na política , eles criam tachos e cunhas,...
temos um superavit de gatunos na política , eles criam tachos e cunhas,...
omarsalgado
16 Dezembro 2010 - 16:26 poie é
temos uma refinaria em Coruche,que trabalha com cana importada do Brasil.Antes funcionava ,em pleno, com beterraba açucareira produzida em Portugal.Os sistemas de rega e os campos de plantação da beterraba estão ao abandono por esse Ribatejo!ISTO É PORTUGAL
temos uma refinaria em Coruche,que trabalha com cana importada do Brasil.Antes funcionava ,em pleno, com beterraba açucareira produzida em Portugal.Os sistemas de rega e os campos de plantação da beterraba estão ao abandono por esse Ribatejo!ISTO É PORTUGAL
jrcoelho
16 Dezembro 2010 - 12:57 Poupa primeiro
"Para comprares alguma coisa, poupa primeiro" dizia-me a minha avó, e tinha razão.
FGO 16 Dezembro 2010 - 12:23
Ouro
Em tempos idos Portugal iniciou uma revolucao industrial, tardia mas que prometia, sob a orientacao do Marques de pombal parecia que pela primeira vez na nossa historia tinhamos um rumo, um projecto de longo prazo. Depois descobriu-se Ouro no Brasil e foi tudo por agua abaixo. Para que produzir se podiamos comprar?
Portugal encheu os cofres e ainda hoje detem a 13a maior reserva de Ouro do mundo, mas Ouro vem, Ouro vai. O que interessa e valor acrescentado!
Esperemos que ninguem descubra Petroleo em Portugal, ou os nossos netos vao pagar caro por isso.