"Parecia um touro raivoso quando viu o meu filho a entrar dentro de casa. Ele veio logo direito a ele e saltou-lhe para cima". A descrição é de Carina Hugo, que anteontem à noite viu o filho ser atacado pelo cão Rottweiler do namorado.
João, de quatro anos, foi mordido durante cerca de vinte minutos, dentro de casa do homem, em Faro. Sofreu ferimentos no crânio, cara, braços, abdómen, zona genital e pernas. Foi assistido pelo INEM e transportado ao Hospital de Faro. Apesar de ter sido suturado em todo o corpo, não corre perigo.
O animal – pertencente à lista legal de raças perigosas – foi ontem recolhido pelos Serviços de Veterinária da Câmara de Faro. Vai ficar 15 dias em quarentena e depois é decidido se será abatido ou não. Tudo aconteceu pelas 20h30 quando a mãe da criança entrava na casa do companheiro.
Carina Hugo, 24 anos, contou ao CM os momentos de pânico que viveu ao tentar salvar o filho, ficando também ela ferida numa das mãos. Chegou mesmo a pensar o pior. "Estivemos quase vinte minutos a tentar separá-lo da criança. Sempre a tentar abrir-lhe a boca, senão arrancava-lhe bocados de carne. Pensei que o ia matar", recorda a progenitora, que – para não comprometer o namorado – optou por sair de casa com o filho e contar à polícia que a criança tinha sido atacada por um cão vadio na rua, versão que depois desmentiu.
O pai, João Silva, separado da mãe da criança, ficou em estado de choque. "Tinha entregue o João à mãe nesse dia", lamentou ao CM.
"NÃO É PERIGOSO, SÓ CIUMENTO"
O dono do Rottweiler garante que o animal "não é perigoso, mas muito ciumento". Hugo Martins, sem ocupação profissional conhecida, não quis fazer mais comentários, mas o seu pai mostrou ao CM toda a documentação exigida aos donos desta espécie de cães. "Tem vacinas em dia, tem chip, já foi castrado como manda a lei e pago 72 euros de seguro por dois cães", assegura António Martins, que conta que o filho "até lava os dentes ao cão". António tem mais uma cadela Rottweiler, "comprada na Rússia", e um Caniche.
O QUE DIZ A LEI
PERIGOSO
Além das raças especificadas ao lado, o Decreto--Lei n.º 312/2003 considera animal perigoso todo aquele que tenha "mordido, atacado ou ofendido o corpo ou a saúde de uma pessoa" ou que tenha "ferido gravemente ou morto outro animal fora da propriedade do detentor".
SEGURANÇA
O proprietário de um animal perigoso está obrigado a manter "medidas de segurança reforçadas" nos alojamentos – que não podem permitir a fuga do animal – e está obrigado a afixar placa de aviso da presença e perigosidade do animal à entrada da sua propriedade.
CIRCULAÇÃO
Sempre que o proprietário circule com o animal na via pública tem de fazê-lo com o cão "em caixas, jaulas, gaiolas ou açaimo". O animal tem de estar sempre seguro por trela curta.
MULTA
O proprietário de um animal perigoso está sujeito a pagar uma contra-ordenação entre 500 e 3740 euros se o deixar circular na via pública sozinho ou/e sem meios de contenção.
AS SETE RAÇAS PERIGOSAS
ROTTWEILER
De linhagem muito antiga, é inteligente e tem capacidade de trabalho.
FILA BRASILEIRO
Cão de grande porte, com força e reputação de extrema agressividade. É uma raça proibida em vários países.
DOGUE ARGENTINO
Criado após o cruzamento de 11 raças, é especialmente indicado para a caça ao javali e ao puma.
PITBULL TERRIER
Considerado um guerreiro, tem a agilidade dos terrier e a força e porte dos Bulldog, raça da qual descende.
STAFFORDSHIRE BULL TERRIER
Criado em Inglaterra no início do século passado, tem agilidade, físico poderoso e grande determinação.
TERRIER AMERICANO
É mais uma variante do Pitbull, tem características desportivas, de lealdade, vontade de agradar e orgulho.
TOSA INU
Criada no Japão, a raça foi registada em 1997. Ex-cão de luta, hoje de guarda, é paciente, audaz e corajoso.
Ontem apelei ao apuramento de responsabilidades, hoje, que já se sabem quem são os responsáveis ( a mãe e o namorado), deveriam ser punidos exemplarmente.
A mãe e o namorado porque, apesar de saberem que o cão é de uma raça perigosa e ciumento não fizerem algo tão simples como impedir que o cão tivesse acesso livre à criança. Através de um açaime ou de uma coleira ou ainda de um canil no quintal quando não fosse possivel ter o cão a circular.
Mesmo que o cão não atacasse a criança decerto o assustava através de manifestações de desagrado senão não diziam que ele tinha ciumes. Mesmo assim deixavam que a criança continuadamente se sentisse hostilizada na casa da mãe. Imagino os momentos de pânico e sofrimento que viveu essa criança e que o vão marcar para o resto da vida.
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