Portuga - Coruche

Coruche distingue pela primeira vez figuras do concelho

 

Distinguidas as vidas e carreiras de dois veteranos da tauromaquia e associativismo e uma certeza da música nacional e internacional

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A voz poderosa e cristalina de Ana Moura foi o momento alto da cerimónia de atribuição dos Prémios Foral 2008. Sem som ambiente e apenas com guitarra e viola a acompanhar, a fadista natural de Coruche fez jus à fama que vem granjeando e pôs muita gente da assistência em pele de galinha com dois fados que não estavam no programa.

Ana Moura, o ex-cavaleiro tauromáquico e ganadeiro David Ribeiro Telles e um verdadeiro homem do associativismo, João de Matos Cravidão, foram as personalidades distinguidas com os Prémios Foral 2008. Galardões que celebram a atribuição do Foral à vila de Coruche em 26 de Maio de 1182, por D. Afonso Henriques. Cerca de 200 convidados estiveram no salão do restaurante O Farnel, entre amigos, familiares dos premiados e autarcas.

Emocionada e nervosa foi como se sentiu Ana Moura, regressada à sua terra. “Por isso disse que cantando seria mais fácil do que por palavras. Não contava cantar esta noite mas pediram-me e não podia dizer que não. Estou a representar Coruche de forma acrescida. Ainda hoje, quando chego ao cruzamento do Monte da Barca, lembro-me de coisas que estão na memória e trazem um efeito de nostalgia”, referiu.

O primeiro a receber o prémio foi João de Matos Cravidão, nascido em 1924. Natural de Cabeção, Mora, migrou para Coruche e lá ajudou a fundar e dinamizar um sem número de colectividades e associações. Do Grupo Bairro Alegre Futebol Clube, ao Grupo Desportivo “O Coruchense”, do Clube Ornitológico de Coruche, à Casa do Benfica de Coruche, passando pela Associação para o Estudo e Defesa do Património Cultural e Natural do Concelho de Coruche, para citar alguns exemplos.

Ao receber o prémio, João Cravidão associou-o aqueles que a ele se juntaram pondo em marcha instituições e associações ao serviço da terra. “Tivemos sempre como meta servir o bem comum, causa de todos. Quero destacar o papel das forças autárquicas que sempre deram expressão física a projectos. Muitas vezes lutámos contra desânimo e falta de recursos financeiros, mas com orgulho vimos a obra acontecer” realçou o homenageado, não esquecendo as horas concedidas pela família e tiradas ao sossego.

Rodeado dos filhos e de muitos netos, Mestre David Ribeiro Telles agradeceu a honra de ser premiado por Coruche. E às suas gentes o dedicou. Recordou episódios em que houve sempre um coruchense a dar-lhe apoio. Fosse nos Açores, em Moçambique ou em Paris. “Houve sempre um coruchense. É a esses que agradeço e dedico este prémio”, referiu David Ribeiro Telles, que nasceu em Almeirim em 1927 mas que cedo se fixou em Coruche e passeou classe pelas praças de touros do país e do mundo, para além das vertentes de agricultor e ganadeiro.

O presidente da Câmara de Coruche mostrou-se satisfeito com a iniciativa da autarquia. Dionísio Mendes (PS) evocou o orgulho coruchense e justificou a criação dos prémios pela sua ligação à história, ao património e à memória colectiva, bem como pelos feitos obtidos por cada um.

“David Ribeiro Telles foi cavaleiro tauromáquico, figura pública, chefe de família. João Cravidão tem um percurso de vida extraordinário, ligado ao associativismo, a dar o corpo ao manifesto e a fazer a carolice pelos outros. Ana Moura é a nossa jóia da coroa, jovem, grande cartaz do fado do país e uma enorme representante de Coruche em qualquer lugar do mundo. Alguns são mais iguais que outros porque são mais dedicados, profissionais e mais talentosos”, argumentou o autarca.

Os Prémios Foral foram instituídos e atribuídos em 2008 e ainda não se sabe qual será a sua periodicidade. Certo é que não serão anuais. O júri que escolheu os premiados é composto por representantes das escolas EB 2/3 Dr. Armando Lizardo, Secundária de Coruche, EBI do Couço e Profissional de Coruche, pelos órgãos de comunicação social locais Mais Região e Rádio Voz do Sorraia e pelo presidente da câmara.

in O Mirante